Gosto de pensar que quem nos vê na rua ou na faculdade não faz ideia do que passamos, como vivemos, que gosto temos ou os segredos que escondemos. O que sabem são inferências ao nosso estereótipo apenas. Naquela época eu ainda não estava na faculdade. Eu ainda morava com meus pais e fazia cursinho pré vestibular para tentar uma concorrida vaga em medicina na federal que ficava em uma cidade vizinha. Eu tinha uma rotina bem definida durante os dias de semana, estudava o
dia inteiro e no início da noite eu ia até a faculdade do outro lado da cidade pegar minha namorada e íamos juntos para a academia. Era o jeito que tínhamos encontrado de nos vermos diariamente já que com a minha rotina de estudos pesado e os horários loucos dela na faculdade não nos sabara muito tempo. Minha namorada Beatriz, era caloura do curso de moda, super inteligente passou no vestibular assim que saiu do ensino médio, mas pelo que ela dizia estava detestando o curso. Linda, delicada e meiga, ela é a namorada perfeita, sempre estudamos no mesmo colégio, embora nunca na mesma sala pela diferença de idade.
Treinamos em uma academia que ficava no shopping que fica a umas 8 quadras do meu condomínio, sempre estacionamos no shopping e íamos para a academia. Somente quando havia algum evento no estacionamento do shopping, eu estacionava nas redondezas, pois eles fechavam o estacionamento. Quando eu estacionava fora era sempre o mesmo flanelinha que vinha nos abordar falando que cuidaria da caminhonete. Era um rapaz muito simpático, que confesso nunca prestei muita atenção. A única coisa que sabia dizer era que ele tinha um jeito engraçado de me tratar, me chamando sempre de patrão ou de playboy, mas sempre de um jeito amigável, fora isso o reconhecia apenas pelo coleta verde florescente.
– Coé playboy, pode deixar por nossa conta que a nave vai estar limpinha quando você e a patroa voltar. – Ele sempre fazia questão de limpar os vidros e passar pretinho nos pneus, por mais que ele não fizesse isso com todos os carros ali na rua, mas sempre fazia na minha caminhonete. Segundo ele era um agrado por eu sempre dar um valor maior do que ele geralmente cobrava.
Naquela semana em especial a Bia iria ficar na minha casa pois seus pais estavam em Brasília para assuntos políticos, o pai dela era prefeito, e os meus estavam na capital para uns eventos e o casamento de alguém que eu não conhecia, então resolvemos revezar dormindo na casa de um. Naquele sábado haveria um show do Tiago Iorc no estacionamento do shopping, então tive que estacionar minha caminhonete na rua de trás do shopping, pois o estacionamento estava fechado para montagem da estrutura. Logo que estacionei o flanelinha surgiu, trocamos as palavras de sempre e fomos malhar. Estávamos em um total silêncio naquele dia, o que era incomum pois sempre conversávamos e riamos muito quando estavamos juntos, mas havíamos tido uma discussão sobre o acordo de dormir cada noite em uma casa naquela manhã, pois ela reclamava que dormir cada dia em uma casa diferente estava ficando cansativo pois tinha que ficar carregando as suas coisas. Por eu entender que aquela era uma situação passageira de apenas uma semana, não liguei, o que deixou ela mais emburrada comigo o dia inteiro, mal respondendo as minhas mensagens.
Ao término do treino, próximo às nove da noite, bem na saída do shopping, andávamos rente à grade que separa o estacionamento da rua, eu estava com a minha garrafa com whey pós treino e a Bia com o celular próximo ao rosto gravando um áudio para uma amiga dela. Nesse momento uma moto com dois caras sobe na calçada onde andávamos e um deles desceu da moto com uma arma na mão. Levaram nossos celulares e a bolsa da Bia, ela ficou extremamente assustada e a pressão dela caiu, quase desmaiou. Mesmo muito assustado, afinal com 19 anos de idade eu nunca tinha sido assaltado, eu levei ela até onde estava o carro. Ao chegarmos na caminhonete para nossa grande surpresa a chave da caminhonete havia ficado na bolsa da Beatriz. Estávamos sem celulares, minha carteira estava dentro da caminhonete e a chave do veículo estava na bolsa que havia sido levada.
– Que merda Caio, o que vamos fazer? – Ela falava com a voz desesperada e chorosa.
– Vou correndo lá em casa pegar a chave reserva. Nem dá pra pedir para ninguém vim nos ajudar. – Nessa hora o flanelinha foi se aproximando.
– Coé patrão, aconteceu alguma coisa?
– Acabamos de ser assaltados, levaram nossos celulares e a chave do carro. – Eu falei apressado e com um certo desespero contido na voz.
– Tá de resenha?! Tá cada dia pior essa cidade, também pega a visão, as lâmpadas tudo queimadas, aí fica escuro e facilita pros caras. Querem avisar alguém pra vim pegar vocês? – O flanelinha falou tirando um celular com a tela trincada de trás do short de nylon preto e me estendendo. Agradeci peguei o celular da sua mão e foi então que minha ficha caiu.
– Eu não sei o número de telefone de ninguém! – Eu falei olhando para Beatriz que também não sabia e mesmo que soubesse estava tão nervosa que jamais lembraria. O flanelinha deu uma risada contida, senti que para ele havia um certo humor nos ver passando por aquela situação que talvez fosse normal para ele.
– Eu vou correndo lá em casa pegar a chave reserva e volto aqui. Me espera lá dentro do shopping. Você consegue voltar pra lá sozinha? – Eu falei para ela, pois assim eu iria pela rua de trás e evitaria de ter que dar a volta no shopping para deixar ela em uma das entradas o que faria eu demorar mais.
– Pode ficar suave playboy, eu acompanho sua patroa até lá dentro. – O flanelinha falou se propondo a ajudá-la. Olhei para ela e ela concordou e como o flanelinha era de confiança, sempre estava ali acabei aceitando. Sai correndo deixando os dois ali. Eu morava com meus pais em um condomínio próximo a uma das principais avenidas da minha cidade onde ficava o shopping. Depois de ter treinado perna, correr 8 quadras para ir até em casa e mais oito para voltar foi torturante, mas a adrenalina por tudo que passamos e a preocupação de como a Bia estava me ajudou.
Já passava das nove e vinte quando voltei para o shopping, entrei e fui direto para a praça de alimentação, procurei e nada de encontrar minha namorada, fui até o segundo piso e nada de encontra-lá, achei que talvez pudesse estar na academia, mas ela também não estava lá, continuei procurando e nem sinal. Já passava das nove e quarenta, o shopping ia esvaziando, algumas lojas se preparando para fechar e eu estava desesperado. Resolvi ir até a rua de trás onde estava o meu carro para ver se o flanelinha saberia do paradeiro dela.
Quando fui me aproximando pude ver o flanelinha em pé atrás da caminhonete com um dos finos braços negros, mas com musculos bem marcados, estendido sobre a capota da caminhonete, como se descansasse. Como não haviam muitos carros estacionados ali, pude ver pela sombra no chão entre os pneus da caminhonete a sombra de dois outros pés. Por uma questão de impulso e movimento automático, eu destravei o alarme fazendo com que as lanternas se acendessem revelando que as outras pernas que a sombra no chão denunciavam eram a Beatriz.
Respirei aliviado de tê-la encontrado, fui ao encontro dela, sem perceber naquele momento que o flanelinha se afastou.
– Meu amor, estou te procurando há mais de meia hora lá dentro. – Ela estava com a respiração ainda ofegante.
– Você demorou e achei melhor te esperar aqui, porque acabamos não marcando lugar de nos encontrar lá dentro. Aí o Murilo ficou aqui me fazendo companhia. – Olhei para o flanelinha que agora eu sabia que se chamava Murilo. Olhei para ele que fez sinal com a cabeça e eu agradeci. Ele não falou uma única palavra, estranhamente pois era sempre muito comunicativo. Abri um sorriso para ele já fui abrindo a porta da caminhonete e pegando a minha carteira. Tirei de lá R$50,00, mais que o dobro que estava acostumado a dar ao flanelinha e fui atrás da caminhonete onde ele estava agora entregar a ele.
Enquanto a Beatriz entrava no banco do carona eu fui até o Murilo que estava sem camisa escorado agora na porra da caçamba da caminhonete, com um dos pés fincados no chão e o outro erguido escorado no apoio do carro, fazendo com que uma das pernas ficasse levantada e flexionadas. Era uma típica posição de quem estava com as pernas cansadas e tentava um artifício para descansá-las. Quando viu a nota de cinquenta ele agradeceu e abriu um sorriso.
– Precisa não patrão! – Ele falou sem se mover, um pouco escondido pela sombra que o poste fazia.
– Que isso, você quebrou um galho pra nós, acompanhou ela até lá dentro e depois ainda ficou fazendo companhia para ela aqui. – Falei em agradecimento esticando ainda mais o braço lhe oferecendo o dinheiro.
– Sabe como é né playboy, pega a visão, com todo respeito sua mina é bonita e não dá pra deixar ela sozinha na rua esse horário não. – Ele falou saindo um pouco da sombra, era a primeira vez que o via sem o colete verde florescente de flanelinha, o corpo estava brilhante, parecia suado. O resto do corpo acompanhava os seus braços finos, os músculos do peito marcados, embora pouco desenvolvidos, mamilos salientes tão escuros quanto a pele negra, barriga reta com algumas ondulações de músculos, sem nenhuma gordura. Pela primeira vez eu prestei realmente atenção e percebi as tatuagens escuras pouco contrastantes na pele tão escura quanto, duas listras no antebraço bem abaixo do cotovelo e um círculo adornado com palavras indecifráveis no ombro, todas no braço direito. Os chinelos havaianas pretos gastos deixavam um pé largo exposto, a panturrilha bem desenvolvida, mas ainda seca, pelo esforço do trabalho cheia de pelos escuros e enrolados e o rosto fino e liso com a sobrancelha com um risco me fez ter certeza que Murilo era mais novo que eu.
Ao fim da nossa rápida conversa de agradecimento entrei no carro e enquanto estava dando ré na caminhonete o flanelinha aparecia no retrovisor fazendo sinal que estava livre e que eu poderia continuar com ré. Agora ele estava embaixo da luz do poste e não tive como deixar de notar o volume que estava entre suas pernas. Agora que não estava com uma das pernas flexionada e erguida escorada na caminhonete, era nítido o volume que passou antes despercebido pela posição do seu corpo e pela falta da luz da sombra onde estava. Mesmo a uns 5m de distância e pelo pequeno espelho do retrovisor agora era nítido, havia algo ali.
Terminei a ré e agora ele estava bem ao lado do carro, de frente a porta do motorista. Abaixei o vidro e não pude deixar de olhar para ele e para o volume entre suas pernas, ele notou. Rapidamente com a mão do braço tatuado colocou o celular na frente encobrindo parte do volume, podia ver agora apenas a barriga reta sem nenhuma gordura e alguns pêlos escuros enrolados que abaixo do umbigo.
– Valeu Murilo, obrigado mais uma vez! – Falei simpático, com um sorriso no rosto e saindo com o carro. “com todo respeito sua mina é bonita” – As palavras dele veio a minha cabeça assim que virei a esquina, talvez esse seja o motivo de tal volume, provavelmente nunca ficou tanto tempo perto de uma garota tão bonita quanto a minha namorada.
Virei minha atenção para Beatriz, olhando rapidamente sem me distrair muito do trânsito, ela parecia mais calma, menos abalada talvez fosse a definição correta, mas estava calada. Talvez pela situação ou podia ainda estar brava com nosso desentendimento aquela manhã.
– Tudo bem? – Eu perguntei.
– Agora está! – Ela falou olhando para frente apenas.
– Temos que fazer o boletim de ocorrência, podemos ir agora ou quer deixar para amanhã?
– Amanhã, por favor! – Ela falou com uma voz meiga, quase dengosa , quase a mesma que usava quando me pedia para chupa-la após transarmos. Ela sabia que eu jamais discordaria de qualquer pedido feito naquelas condições.
– Tudo bem meu amor! – Eu falei pegando a mão dela e levei até a boca onde dei um selinho entre os dedos como gesto de carinho. Estranhamente ela puxou a mão quase ao mesmo tempo que eu percebi um cheiro diferente ao aproximar a mão dela no meu nariz.
Ao estacionar o carro na minha casa, Bia ainda parecia estranha, distante, mas não assustada como nos momentos após o assalto, era diferente. Enquanto abria a porta de casa, a puxei pela cintura e a abracei e beijei sua bochecha.
– Tá tudo bem já! Tamos em casa. – Ela abriu um sorriso lindo ainda com o corpo junto ao meu novamente senti um cheiro estranho. Havia um cheiro diferente misturado ao cheiro do seu perfume que eu já conhecia bem. Também não era o cheiro dos seus produtos de cabelo, era um cheiro mais forte, rude, um cheiro de suor, mas que não era o cheiro de suor dela. Eu sabia como era o cheiro da Beatriz suada, conhecia bem o seu cheiro após os treinos na academia, conhecia bem porque o cheiro dela suada me excitava e eu adorava transar com ela após academia ou depois das corridas que fazíamos aos finais de semana. Aquele cheiro de suor ali era mais azedo, algo mais puxado para o impregnado do que para o aroma de salgado.
Entramos em casa e ela foi direto para o banheiro tomar banho enquanto eu fui para o computador pedir algo para comermos, já que agora tinha minha carteira, mas ainda não tinha acesso ao ifood. Como estava sem celular tive que entrar em contato com a minha mãe pelo whats conectado no computador para avisá-la e também pedir que não falassem nada aos pais da Bia pois os conhecendo e sabendo como são superprotetores iriam querer voltar no primeiro voo.
Quando a Beatriz saiu do banho, comemos e ela permaneceu mais calada que de costume, mas entendi que a situação havia sido estressante. Ela foi para o quarto terminar algumas coisas da faculdade no computador enquanto eu fui tomar meu banho. Sentado no vaso, sem celular para mexer como de costume, fiquei pensando em tudo que tinha acontecido e no grande número de fatos estressantes e suspeitos naquela noite. No meio desses pensamentos fui colocar a minha roupa da academia no armário de roupas para lavar e vi as roupas da Bia ali.
Por curiosidade, talvez instigado por respostas, peguei o top que ela usava e cheirei. Voltei a sentir o mesmo cheiro de suor forte e agressivo que tinha sentido quando a abracei e beijei seu rosto na porta de casa. Aquele cheiro não me era familiar, não lembrava de ter sentido aquele cheiro outras vezes na minha vida a não ser naquela noite.
Eu queria respostas e aquilo atiçou ainda mais a minha curiosidade, então peguei a sua calça e junto veio a sua calcinha, emboladas uma na outra. Era uma calcinha preta que realçava ainda mais a parte que estava completamente encharcada. Eu reconhecia aquele líquido que estava ali deixando a calcinha da minha namorada completamente melada. A calça estava úmida na parte central entre as pernas, para constatar levei a calcinha ao nariz e tive certeza.
Me surpreendi ao olhar para baixo e perceber que meu pau estava duro, quase apontando para cima. Apesar do cheiro do fluido viscoso predominar tanto na calcinha quanto na calça dela, eu ainda podia sentir que ali também havia o odor rude, impregnante, bem no final, principalmente na calça havia um odor bem semelhante ao que eu senti na sua mão dentro do carro. Mentalmente me condenando eu já estava me masturbando vorazmente ali, fechado no banheiro com a sua calcinha e o seu top próximo do rosto inalando todos aqueles cheiros que ao mesmo tempo me deixavam desconfiado mas mesmo assim com muito excitado. Acabei gozando em menos de um minuto, não me lembro de ter um orgasmo em tão pouco tempo. A auto recriminação aumentou e acabei devolvendo as roupas para o armário de roupas para lavar, tomei meu banho. Já passava da meia noite quando voltei para o quarto e a tv estava ligada passando Grey’s Anatomy e a Bia dormia virada para o lado com a bunda desnuda descoberta iluminada apenas pela luz da televisão.