Encoxada no busão

Foi por muito tempo uma rotina, pegar aquele ônibus lotado no começo da tarde e seguir até o curso de idiomas, onde eu fazia aulas de inglês. E não demorou para que os rostos anônimos ficassem familiares, pois também estavam presos na mesma rotina. A maioria, penso eu, trabalhadores voltando do horário do almoço. Apelidei alguns por suas aparências exóticas. Tinha o Drácula, por ser pálido e sinistro. Tinha a Foca que era uma moça com o pescoço estranho. E tinha o Barriga, que era um tiozinho que ocupava muito espaço num ônibus tão cheio de gente. Eu sei. Era maldade minha, mas era como eu passava aqueles vinte e poucos minutos me distraindo.

E me distraia tanto, naquele amontoado de pessoas, balançando para frente e para trás na curvas, que demorei para notar que o Barriga ficava sempre atrás de mim, me empurrando com sua pança, cada vez que a curva nos jogava pra frente. Era muito chato isso e nem sempre eu podia trocar de lugar. Então, comecei a forçar um pouco mais a minha posição, para não me deixar ser empurrada por ele. Grande erro meu, pois o safado estava gostando!

Foi preciso a mão dele me segurar pela cintura, num gesto rápido, como se ele buscasse apoio para não cair quando o ônibus balançou, para que eu percebesse que o Barriga não era tão barrigudo assim e o que me empurrava não era sua pança, mas sim seu quadril. O puto estava me encoxando!

Nos dias seguinte passei a ficar em outra parte do coletivo e me livrei do pervertido. Eu o via de longe, até que ele não era feio, mas eu ficava pensando “perdeu, safado! Hoje você não me encoxa!”. Acho que estava gostando da brincadeira e fiquei um tanto frustrada por ele não vir atrás de mim. Cheguei a pensar também que, talvez, tudo tenha sido impressão minha.

Então, quase um mês evitando o Barriguinha, eu acabei me distraindo e voltei a ficar de pê na parte que eu costumava a ficar, entre as duas portas de trás do ônibus. E foi com a pressão em minha bunda, durante uma longa curva, que acordei pensando “Ele voltou! E justo hoje…” é que estava vestindo uma minissaia plissada. Era tarde demais para mudar de lugar, e na real eu nem queria, o busão já estava lotado e eu estava afim de provocar um pouco. Então, passei a me jogar mais para frente, como se tentasse fugir do Barriguinha, mas na minha frente havia um rapaz com uma mochila nas costas, que não me dava muita liberdade para eu me mover, então eu voltava para trás, empurrando o safado do Barriga com a minha bunda. Ele devia estar ficando muito feliz com isso!

E mais uma vez o Barriga conseguiu encontrar um momento perfeito para tocar em minha cintura, como se nada fosse, muito rápido e sutil. No que tentei sair para o lado, sua mão subiu rapidamente e com as pontas dos dedos apalpou os meus seios. Mas essa não foi a parte mais audaciosa dele. De alguma forma, ao roçar sua virilha em minha bunda, ele acabou levantando minha minissaia. Cheguei a sentir o calor do corpo dele em minha bunda. E alguma coisa espetava minha pele.

E na hora em que me soltei, para tentar ajeitar minha saia, perdi o equilíbrio caindo para trás, nos braços do Barriguinha, que me segurou com força na cintura, sussurrando um “opa! Cuidado moça” e aproveitou para encaixar o volume em sua calça entre minhas nádegas. Foram segundos, mas o safado, como um cãozinho no cio, deu umas rápidas bimbadas e logo me soltou, se afastando e descendo do ônibus logo em seguida, me deixando sozinha com o coração disparado, vermelha de vergonha.

Não havia entendido o porquê dele ter saído correndo. Eu nem tive tempo de reagir. Mas não demorou para eu começar a sentir algo molhado escorrendo da minha bunda para minha coxa. Já tinha uma ideia do que era, mas tive que esperar até chegar o meu ponto, onde desci e fui correndo para a escola de idiomas. E no banheiro, com papel higiênico eu pude limpar a sujeira que o Barriga deixou em minha calcinha, bunda e coxas. O cheiro era forte e passei o resto da tarde com vergonha, temendo que alguém notasse.

Eu só pensava “como ele fez aquilo? Estava com o pau de fora?” Aquilo que me espetava era o zíper da calça dele? Não sei. Só sei que nunca mais o vi, mesmo eu pegando o mesmo ônibus, no mesmo horário, todos os dias, muitas vezes de saia e até sem calcinha.

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